Cap. 156
— Ah! Finalmente acordou. Como está você hoje? – pergunta a viúva Emma Wilkinson à vítima do incêndio do circo resgatada pelo prefeito.
Percebendo o olhar confuso de sua visita, ela prossegue a explicação: — Calma. Você está em segurança. Fala minha língua?
Uma confirmação com a cabeça libera a mulher a continuar: — O xerife Austin pediu para que eu cuidasse de você depois de te encontrar no meio dos destroços do circo queimado. Você se lembra do circo e do incêndio?
Mais uma vez, a resposta afirmativa vem com um balançar de cabeça.
Emma prossegue: — Aquilo foi horrível e, lamento informar, muitos de seus amigos morreram lá. Você teve sorte do xerife te encontrar.
— Ele trouxe você para cá porque meu falecido e amado marido, Albert, que Deus o tenha, era um barbeiro-cirurgião e eu era sua ajudante, então sabia como te ajudar.
A figura vai relembrando os fatos e se depara com um espelho e move sua mão em direção ao reflexo.
Emma, tentando reconfortar: — Sim, o incêndio fez estragos no seu rosto, mãos e resto do corpo, mas, o importante é que você sobreviveu. Logo estará forte novamente e poderá encontrar os outros que escaparam do incêndio.
Uma voz rouca e baixa, como o arrastar de um móvel pesado, pergunta: — Outros?
Emma: — Sim. Um pequeno grupo também sobreviveu e, pelo que soube, está vivendo numa cidade vizinha por enquanto.
Mais uma pergunta rouca: — Onde?
Emma: — Rotten Root. Fica a poucas milhas daqui, menos de meio dia a cavalo. Mas, isso é coisa para se pensar depois. Agora, você precisa descansar, dormir bem, comer bastante e ficar forte. Daí, sim, poderá ir atrás de todos eles.
Apoiando a mão queimada na janela da casa, a pessoa concorda: — Sim... irei atrás de todas elas.
Emma: — Isso mesmo. Imagine a surpresa de todos quando virem você.
Um sorriso acompanha a resposta rouca: — Com certeza.
Em Rotten Root, olhando Cobra Traiçoeira e o Dr. William amontoarem garrafas ao redor de sua mesa no Elle, Augustus sente um familiar calafrio.
Ele já não o confunde mais com um sinal de sorte.